Mais de mil produtores lançam, em Feijó, movimento em prol do usucapião



Cerca de mil trabalhadores rurais e vinte associações se reuniram no município de Feijó, no sábado, para debater com o Ministério Público, Secretaria municipal de Produção e deputada federal Perpétua Almeida. Muitos seringueiros andaram cinco dias a pé por dentro da mata para chegar a tempo de participar do encontro. Algumas mães trouxeram os filhos pequenos por não ter com quem deixar e porque não queriam perder a reunião.

“Quem viaja 5 dias com o pé na lama, é porque quer trabalhar. Porque tem responsabilidade de não deixar os filhos passar fome e porque não quer que os filhos tenham a mesma dificuldade que a gente ta tendo. Agora se não puder derrubar, se não puder queimar, vamos fazer o quê? Vir para a cidade? Para fazer o quê? Cadê o Ministério Público Federal que ta proibindo a gente de sobreviver? Nem aparece aqui. Não sabe o que passamos. Cadê o Ibama? Cadê o Incra? Só temos para lutar do nosso lado o promotor Marco Aurélio que atende a gente em qualquer lugar, em qualquer hora, e a deputada Perpétua Almeida, desabafou José Cláudio Ramos, durante encontro promovido pela Cooperativa dos Agricultores de Feijó. O encontro visava discutir principalmente a regularização das terras e a Ação Civil Pública dos ministérios públicos Federal e estadual, que limita as queimadas de maneira progressiva até a extinção total da prática em 2011.
“Assumo o compromisso que a luta agora é para que os trabalhadores rurais, os pequenos produtores só possam ser cobrados, ou proibidos de botar roçado, quando o governo tiver distribuído o maquinário para que eles possam arar a terra sem desmatar ou queimar. Vou conversar com todos os deputados federais, para que também coloquem emendas para o governo comprar as máquinas e até lá temos que achar um jeito de não impedir que o povo sobreviva. E mais, vamos ter que trazer o Incra aqui sim para ouvir as reivindicações que são justas. A gente não pode viver só de proibição, temos que ter alternativas. Começa aqui agora um movimento pelo usucapião”, disse a deputada Perpétua Almeida.

Para o presidente da CAF, Antonio Messias, a reunião foi produtiva e satisfez a todos, porque além da reunião com o Incra, ficou estabelecida a participação dos agricultores de Feijó na audiência pública com a comissão da Amazônia que será realizada em Cruzeiro do Sul, onde eles poderão mostrar aos deputados federais que integram essa comissão, as dificuldades dos homens que habitam as florestas.

De acordo com relatos dos presentes, de 70 a 80% das terras de Feijó, estão nas mãos de pessoas que moram em outros estados. Sobram para os agricultores, áreas da União ou áreas que necessitam de novas demarcações. Todos os mais de mil agricultores presentes na reunião, estão na condição de posseiros e por isso não podem sequer obter financiamento. As reclamações generalizadas, incluem, inclusive, as 100 famílias produtoras de açaí, que estão sendo pressionadas a não desmatar, e os seringueiros que reclamam do baixo preço da borracha.


Fonte: AC24Horas
Raimundo Accioly

Cidadão comum da cidade de Tarauacá no Estado do Acre, funcionário público, militante do movimento social, Radio Jornalista, roqueiro e professor. Entre em Contato: accioly_ne@yahoo.com.br acciolygomes@bol.com.br 68-99775176

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