Projeto com estudantes incentiva reflexão através da música

Mais do que ouvir e cantar uma canção, é importante também conhecer a história de seus autores e o contexto social em que esta foi composta. Com esta ideia, os professores de História, João Cabral, e Música/Artes, Douglas Marques, iniciaram em 2016 um projeto de extensão que busca incentivar a reflexão nos jovens por meio da música popular brasileira.

O projeto denominado “MPB: Música, Protesto e Expressão” teve início no campus Avançado Baixada do Sol, com uma média de participação de dez alunos. Hoje conta com mais de 40 participantes. Este ano, os ensaios, que são destinados aos estudantes do IFAC e para a comunidade, passaram a ser realizados no Laboratório de Estudos em Performance Musical (LEPEM), do campus Rio Branco, todas as sextas-feiras, das 16h às 18h.

Aluna de Agroecologia, Emelly Cunha, participa do projeto desde o início. “Estou participando do projeto desde que iniciou no 2º semestre de 2016. Ajudo na organização, no planejamento e também toco violão nos ensaios. Acho que com este trabalho criamos um novo ambiente em que podemos expressar e ter uma liberdade que só encontramos quando cantamos”.

De acordo com o coordenador do projeto, João Cabral, além de estimular a reflexão sobre a sociedade, o projeto aborda conteúdos de disciplinas presentes no currículo escolar do Ensino Médio. “Trabalhamos músicas da MPB que abordam temas sociais que geralmente caem no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], além de serem utilizadas em aulas de Português, Geografia e História”.

A escolha das canções é feita pelos docentes que, em um segundo momento, apresentam aos participantes do projeto os compositores e a realidade na qual estes estavam imersos. A partir das informações, é feita uma interpretação da letra e do contexto social e político da época.

“Selecionamos músicas atemporais que têm ligação com a história do Brasil, voltadas para o social e que tentam, de certa forma, denunciar ou expor algum acontecimento. A partir disso, antes de apresentarmos cada música para os alunos temos uma explicação sobre o compositor, o que ele quis falar, em que tempo ele nasceu, o que estava acontecendo”, conta João Cabral.

Professor Douglas Marques destaca a possibilidade de conhecer a história por meio da música e seu papel na conscientização dos estudantes para pensarem os tempos atuais. “A música, assim como todas as artes, sempre refletiu seu tempo e o seu espaço, e a ideia do projeto é justamente trazer para os adolescentes uma realidade que eles conhecem pouco, ou que eles têm que se aprofundar mais, como o período da Ditadura Militar. Agora, vendo esse processo crescer no mundo, temos que alertá-los para o que pode vir a acontecer novamente no país”.

Rock na escola

Algumas canções escolhidas para o projeto são de músicos como Raul Seixas, Geraldo Vandré e Renato Russo, do Legião Urbana. Músicas populares, tocadas com frequência, mas que muitas vezes não têm atenção merecida sobre suas letras, como explica o professor João Cabral.

“Há uma diferença entre você ouvir e entender o que está ouvindo. Muitas vezes, os jovens já ouviram estas músicas, mas não sabiam a carga de conteúdo que elas tinham. A nossa missão também é fazer com que eles entendam o conteúdo e reflitam sobre isso”, explica o professor de História.

Outra particularidade do projeto é o gênero musical predominante no repertório, em que a maioria das canções se enquadram no rock. Historicamente, as melodias e letras cantadas neste estilo traduziam as insatisfações populares, se apresentando como ferramenta de protesto sobre as arbitrariedades impostas para a população. No Brasil, não foi diferente. 

“O rock desde a sua origem está ligado a uma ocupação do espaço pelo jovem e a música que estamos trabalhando está dentro desse estilo musical, que tem na sua origem um viés de protesto, de reivindicação. É desta forma que tentamos trabalhar com eles também”, reforça Douglas Marques.

Estudante do curso técnico subsequente em Administração, Jardeson Souza, destaca o momento atual e a importância da música para ele nesse contexto. “Eu gosto desse tipo de música porque nos faz refletir e nos motiva a lutar pelo Brasil. Estamos vivendo um momento muito difícil, com tantos escândalos na política e imposição de medidas impopulares pelo Governo. Diante de tudo isso, acho que a música é importante, pois ela tem o poder de transformar as pessoas”, comentou.

Coordenação de Gestão de Conteúdo (COGEC)

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